Se você deseja saber o que é e como funciona a constelação familiar, vou detalhar neste post, na prática, como é uma terapia de constelação familiar sistêmica individual com bonecos. Essa terapia, originalmente trabalhada em grupo com pessoas representando os entes familiares, permite ir além do problema ou questão que você traz para constelar.
A constelação individual com que trabalho é estruturada e estratégica. Isso quer dizer que há começo, meio e fim. O início é por meio da escuta, ou anamnese, em que o cliente relata o que vem lhe afligindo. Esse é o primeiro passo para constelar: estar ciente do que te incomoda, do que você quer “ver” na constelação, ou seja, o holofote que dirigirá o trabalho.
Constelação Familiar: Uma Jornada de Transformação
Veja o caso de Ana (nome alterado), que me procurou para um atendimento em que relatava problemas com seu marido. A queixa era de que havia algo de “errado” com ela, culpando-se pelo fracasso no casamento e escassez de relações sexuais.
Leitura dos elementos no campo: padrões que vêm à tona
Durante a anamnese, e na fase seguinte, da investigação diagnóstica (que se propõe a averiguar quais as possíveis causas para o problema apresentado), ficou evidente como Ana já trazia concebido de forma disfuncional vários comportamentos e respostas em sua vida.
Ao investigar sua infância, modelo de casamento, como (e com quem) ela aprendeu a ser mulher, o que esperava dos homens e – principalmente – o papel da religião como balizadora para a vida, ficou evidente como ela se imputava o papel de “culpada” pelos problemas e falta de intimidade no relacionamento.
Durante o posicionamento e leitura dos bonecos, confirmou-se sua história: posição de embate com o marido, superproteção ao filho, distanciamento emocional dos pais. Ainda, a desvinculação com sua criança interna, o que ensejava sua desconexão com o mundo do sentir, em contraposição ao da razão, preponderante em todos os seus processos.
O que é e como funciona a constelação familiar: traumas e emaranhamentos são os causadores dos problemas que trazemos
A leitura dos elementos (bonecos) no campo, juntamente com as perguntas e os insights que o cliente elabora, ajudam a trazer à tona traumas e emaranhamentos. São eles que ensejam os problemas, angústias, sofrimentos, vícios e faltas do dia a dia que, para quem se permite, podem ser alvo de um trabalho terapêutico e, também, da constelação familiar.
Após a interpretação desse posicionamento dos bonecos, que retrata a história da cliente, é hora de pacificar esse sistema, colocando as funções em ordem. Ou trazendo à luz o caminho saudável, com cada um no seu lugar e função próprios. Pai sendo pai; marido sendo marido; filho no lugar de filho etc.
Contudo, um filho possui pais e pode, também, ser pai. Portanto, a questão na constelação familiar é não confundir os papéis. É estar, em cada sistema e subsistema, na sua função adequada. E não invertendo papéis como fazia Ana, ao se posicionar como “mãe” do próprio marido e “salvadora” da própria mãe.
Vinculação com ancestrais: um importante diferencial da constelação familiar
Para compreender o que é e como funciona a constelação familiar, é preciso ter em mente que cada constelação é única e vários são os conteúdos que afloram, por meio dos bonecos, na configuração da história de vida do cliente. Com Ana, dois elementos chamaram a atenção: ela reviveu o sentimento de dó por uma tia, que não pôde se casar com quem amava, cuja história marcou profundamente a vida de Ana.
A constelação mostrou que ela se encontrava melancolicamente identificada com essa ancestral – e reside aí um ponto muito debatido nas constelações: a possiblidade de vinculações (seja por identificação, lealdade e fidelidade inconscientes) com aqueles que vieram antes.
Contudo, não há afirmações em uma constelação familiar. Tudo pode ser possível, tudo pode ser descartado: depende da consciência e abertura do cliente para o que emerge durante o trabalho. Com Ana, o fato de a tia, que não pôde viver sua história de amor e se torna freira, surgir em sua constelação a fez compreender como se sentia conectada honrando também a história dela.
Mantras sistêmicos: permissão para liberar e viver com uma nova consciência
Como parte da solução, a constelação familiar permite desvincular esses laços ocultos, com falas sistêmicas que agem como mantras, cuja função é liberar. Tudo ocorre na mente, no sistema, no campo do cliente – e na dúvida em “acreditar” ou não que isso pode ser possível, cabe a cada um dar o passo para a mudança.
O segundo elemento foi sua mudança de consciência. A autoresponsabilização pela falta de desejo sexual do marido dá lugar a um fato novo, que será discutido e averiguado entre o casal: a possiblidade de ele ser bissexual. Novamente, nada é afirmado; tudo “pode ser”, desde que faça sentido para o cliente e o faça refletir. Acima de tudo, que o permita olhar com responsabilidade, e não com culpa.
O trabalho da psicoterapia é este: trazer consciência, reflexão e a possiblidade de a realidade que criamos não retratar, efetivamente, os fatos ocorridos. Tudo depende de nossa intepretação, do colorido que damos. Dessa forma, podemos estar interpretando erroneamente o que acontece conosco e, assim, criando realidades estapafúrdias que nos trazem sofrimento, dúvidas, autodestruição, angústia e vícios.
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Eu também escrevi um e-book explicativo de como é e como funciona a constelação familiar com bonecos. De forma mais aprofundada, abordo tópicos como o campo mórfico, emaranhamentos, ancestralidade, leis sistêmicas, frases de solução, entre outros termos da constelação familiar.
Além disso, evidencio como esta terapia torna-se uma verdadeira ferramenta para expansão da consciência por proporcionar um novo olhar para nossas questões.
Gravei também uma meditação guiada para que você possa integrar seus antepassados no seu coração. Faça parte do meu grupo no Telegram e tenha acesso a este material totalmente gratuito e em PDF.
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