Você está considerando passar por uma constelação, mas já se perguntou se constelação familiar é perigoso? Essa é uma dúvida frequente sobre esse tipo de terapia psicoterapêutica breve e há, sim, fatores a considerar na hora de se decidir. Como em qualquer abordagem terapêutica, há potenciais perigos e riscos que precisam ser considerados. Como trabalho com a constelação individual, vou relacionar os fatores que mais me chamam atenção:
1. Exposição emocional:
Durante uma sessão de constelação, você pode ser confrontado(a) com emoções intensas e, em alguns casos, dolorosas. Isso pode ser desafiador para algumas pessoas, especialmente se não estiverem preparadas para lidar com esses aspectos emocionais profundos. Por isso a constelação familiar pode ser, sim, para todos; mas é indicada para algumas pessoas, aquelas com coragem para ir à fundo em suas questões.
2. Falsa memória:
Você está preparado(a) para mudar de opinião quanto ao que acredita ser verdade? É por isso que constelação familiar é perigoso, pois, durante a sessão, você em a oportunidade de enxergar que carrega consigo falsas memórias ou interpretações distorcidas que podem levar a uma compreensão equivocada dos eventos passados e que te causam desconforto desnecessário. Eu trabalho com a Fórmula da Realidade e nela vemos que esta, a realidade, é como interpretamos um fato. E nessa interpretação a gente “coloca” muitos coloridos que, na verdade, na maioria das vezes só existem em nossa cabeça!
3. Substituição de terapias tradicionais:
Algumas pessoas podem ver a constelação familiar como uma alternativa completa à terapia tradicional, o que é problemático e perigoso. Em momento algum ela substitui outras terapias, mas trabalha em conjunto por dar um “up”, acelerar um processo que, em outros meios, seria mais delongado.
Diferentemente da terapia convencional, a constelação é uma terapia breve, única, sem sessões contínuas e, por isso, há pessoas que, após uma sessão, conseguem, sozinhas, alcançar resultados e ressignificações dando rumo às questões que vieram à tona na constelação. Por outro lado, há as que precisam de mais tempo e apoio; por isso, o acompanhamento de terapia convencional, o que reforça o perigo de substituição dessas últimas.
4. Falta de regulamentação:
O Conselho Federal de Psicologia e o de Medicina não autorizam o uso da constelação por seus profissionais, mas, ao contrário, há muitos psicólogos na contramão dessa nota técnica a exemplo da psicóloga Marusa Gonçalves e dos médicos Fernando Freitas e Andrei Moreira, com seus atendimentos, grupos, cursos e livros publicados.
O fato de que qualquer pessoa pode fazer cursos de constelação e se autodenominar terapeuta constelador levanta questões sobre a qualidade e ética da prática. A falta de regulamentação pode, sim, permitir facilitadores não tão qualificados, daí a importância de você fazer uma pesquisa e encontrar um profissional que se alinhe com o que você procura, com sua postura de vida e seu jeito de ser. Nesse sentido, acho importante destacar o ponto abaixo:
5. Constelação não é espiritismo ou religião
Se você parte do pressuposto que constelação familiar é mística, espiritualizada ou coisa de “espírito” você corre o perigo de imputar o caminho da constelação para o facilitador ou, no caso da terapia em grupo, para os representantes. Há, sim, consteladores nessa linha por isso alinhe-se com o profissional que procura!
Caso contrário, será perigoso você se defrontar com um constelador, como eu, que não possui viés religioso ou espiritual, e que trabalhará, sim, com as sensações, emoções e informações inconscientes que possam vir ao campo.
Mas, ao contrário, trará você para sua realidade e responsabilidade frente as ações e modificações que pretende fazer na vida, desvencilhando qualquer tentativa de responsabilização pelo passado ou gerações passadas. O passado serve como fonte de informação e não responsabilização. Não procuramos culpados na constelação; esta é um movimento de amor!
6. O perigo da manipulação por consteladores inexperientes:
Caso a constelação seja conduzida por um facilitador inexperiente ou não ético, pode haver riscos de manipulação. Isso inclui a indução de interpretações errôneas ou a exploração emocional indevida, por isso, mais uma vez, pesquise antes o constelador. Assim como você procura antes por um médico. Você quer aquele que somente lhe prescreverá o remédio ou anseia por um, sistêmico, que vá “vasculhar” sua vida e ver a origem de sua doença para que você veja o “mal” pela sua raiz e não somente na superfície, sem tratar a causa?
7. Interferência com o tratamento médico:
Algumas pessoas podem ver a constelação como uma alternativa à intervenção médica tradicional, o que é um perigo! Exemplo disso está na série Uma Nova Mulher, em que a personagem Sevgi (Boncuk Yilmaz) decide descontinuar seu tratamento médico após passar por uma sessão de terapia. Por isso destaco que a constelação não é uma prática médica e não deve nuca ser usada como substituto para cuidados de saúde convencionais, por melhores que sejam os resultados obtidos em uma sessão.
Constelação familiar é perigoso?
Não vejo, portanto, perigo na constelação familiar, sendo essencial a sua postura ao se decidir, o que você realmente quer “ver” em uma sessão individual e, também, ao escolher consteladores qualificados, compreendendo os limites tanto do profissional quanto da prática.
Se ainda assim você estiver em dúvida, consulte profissionais de saúde mental ou se informe com quem já passou por uma sessão, quais os benefícios e condutas se alinhou no pós-sessão. Afinal, como diz o criador da técnica, Bert Hellinger, constelação sem ação é inócua.
Se você se interessa pelo tema da constelação individual com bonecos, considere também ler meu livro “Constelação Individual com Bonecos: abordagens do processo e construção de um campo de atuação profissional”.
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