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Bert Hellinger: Mito ou Farsa?

Bert Hellinger: mit ou farsa? O debate sobre a constelação familiar é sempre intrigante e neste post, parte da série “Mito ou Verdade? A Constelação Familiar é uma Farsa ou Pode Realmente Auxiliar?”, convido você a explorar mais este tema: os principais pontos de crítica ao criador da constelação, Bert Hellinger. O post inicial, contendo links para outros artigos, pode ser acessado aqui.

 Diversas críticas à constelação familiar focam no seu criador, Bert Hellinger, levantando questões sobre a credibilidade da técnica devido ao seu passado “vinculado” ao nazismo e a sua suposta afinidade por Hitler. Além disso, apontam para a “origem” da constelação familiar, que teria se desenvolvido em circunstâncias questionáveis, envolvendo uma mistura de técnicas e “referências” à psicologia.

Nascido em 1925, na Alemanha, Hellinger passou por muitos desafios em sua juventude. Em sua biografia, chamada “Bert Hellinger: Meu trabalho, minha vida”, ele conta que foi convocado para as Forças Armadas do Terceiro Reich, enfrentando dificuldades devido à recusa de seu pai em se juntar ao Partido Nazista.

Rotulado como “potencial inimigo público” pela GESTAPO aos 17 anos, enfrentou obstáculos para seu certificado de conclusão do Ensino Médio, quando exalta, no livro, o empenho de sua mãe para conseguir o documento. “Lutou como uma leoa”, diz. Aos 20, como soldado, experienciou a linha de frente e a batalha de Aachen. Foi capturado e mantido como prisioneiro de guerra, escapando com a ajuda de colegas.

Essas experiências moldaram sua visão sobre a força adquirida por meio do destino e das adversidades. Sua vida pós-guerra foi marcada por uma busca por compreensão e desenvolvimento terapêutico, não havendo registros que o vinculem a atividades nazistas ou amizade com Adolf Hitler (até mesmo porque Hitler morreu em 1945, quando Hellinger tinha 20).

Hellinger cria a constelação, que reúne diversas abordagens, após muitos anos de estudos

Hellinger trabalhou como missionário na África do Sul por 16 anos vindo a se tornar teólogo, filósofo, sacerdote, pesquisador e psicoterapeuta. Absorvendo e integrando várias abordagens terapêuticas, desde a Terapia Primal de Arthur Janov até a Análise Transacional de Eric Berne e a Terapia Provocativa de Frank Farrelly, ele acaba por criar (ou descobrir, como preferiu explicar) a constelação familiar. Sua biografia resumida pode ser lida aqui.

A origem da constelação remonta a duas abordagens distintas: a Escultura Familiar de Virginia Satir e o Psicodrama de Jacob Levy Moreno. Em ambas, os representantes de membros da família começam a experimentar sensações relacionadas ao papel que representavam, revelando aspectos significativos da dinâmica familiar em questão.

Hellinger aprofundou essa dinâmica, focando especialmente nas sensações dos representantes. Ele desenvolveu um arcabouço teórico sistêmico que destaca a importância das relações entre elementos, crucial nos sistemas vivos. A observação da constelação permite diagnósticos sobre a origem dos referenciais familiares, examinando, por exemplo, como o casal aprendeu sobre funções parentais e cuidado com os filhos.

Ancestralidade: a origem dos sintomas pode estar ligada aos padrões familiares

Como prática fenomenológica, a constelação considera que a origem dos conflitos nas relações pode estar ligada à ancestralidade e que esses problemas podem se manifestar em várias gerações. Com isso, Hellinger estabeleceu as três ordens do amor, base de qualquer estrutura familiar: o direito ao pertencimento à família, a hierarquia e o equilíbrio entre dar e receber.

A constelação envolve a disposição de elementos representando membros familiares e outras variáveis temporais. Hellinger inicialmente aplicou a constelação em grupo, e o casal Schneider expandiu a prática para atendimentos individuais, utilizando bonecos como representações simbólicas.

Essa abordagem se tornou uma ferramenta para terapeutas, médicos e advogados, entre outros, permitindo um entendimento mais profundo. A constante prática desse método terapêutico levou-o a aprimoramentos significativos, com terapeutas sendo capazes de identificar dinâmicas complexas na constelação, revelando aspectos não perceptíveis apenas pelas palavras do cliente.

Ataques da sociedade e imprensa alemã, que o vincula a Hitler: resultado do incômodo causado pelos trabalhos em grupo da constelação

“Em 1997 aconteceu o que é o pesadelo de todo terapeuta”, diz Hellinger ao iniciar o capítulo 20, “As Hostilidades”, em sua autobiografia. Naquele ano ele enfrenta um pesadelo quando uma mulher que participou de uma de suas sessões se suicidou. Esse fato iniciou uma série de críticas contra ele e também uma ação judicial, da qual foi absolvido.

Posteriormente, ele publicou um texto em seu livro “Pensamentos sobre Deus” abordando Hitler. Hellinger reconheceu Hitler como um ser humano, destacando a importância de se entender as dinâmicas profundas que podem levar a atrocidades. “Aqueles que poderiam repetir o Holocausto somos nós, os vivos. A advertência se faz a nós e aos lados sombrios de nossa alma, que devemos manter sob controle e dos quais temos de nos conscientizar”, ele justifica.

Ao escrever o polêmico poema para Hitler, Hellinger não o apoia, mas afirma enxergar nele sua humanidade

No entanto – e desconsiderando os conselhos de sua esposa Sophie, de que seria mal compreendido – ele foi difamado por alguns meios de comunicação, que, inclusive, exploraram sua mudança temporária para uma residência associada ao Terceiro Reich, distorcendo, assim, sua pretensa conexão com Hitler e trazendo à tona vinculação de sua imagem à ideologia do nacional-socialismo.

Em sua autobiografia, Hellinger deixa claro a sequência de fatos e perseguições jornalísticas com o intuito de vincularem-no a Hitler. Hellinger reconhece a humanidade mesmo nos perpetradores, mas isso não implica apoio às suas ações. Sua posição é compreender as raízes profundas das dinâmicas humanas, enfatizando a necessidade de prevenir atrocidades. As acusações contra ele são baseadas em distorções de suas palavras e à falta de compreensão de seu trabalho.

Hellinger é banido da Sociedade Sistêmica alemã: seu “controverso” trabalho se torna ameaçador

A carta enviada em maio de 2004 a Bert Hellinger, por Arist von Schlippe, então diretor da Sociedade Sistêmica, é uma expressão de rejeição a Hellinger e até hoje utilizada contra ele. Nela, Von Schlippe escreve que inicialmente tentou considerar as críticas a Hellinger como deturpações, mas ao longo do tempo, sua decepção cresceu.

O motivo principal é a preocupação de que as ações controversas de Hellinger pudessem prejudicar a reputação e integridade da terapia sistêmica como um todo. Pontos específicos mencionados incluem a mudança de Hellinger para a antiga Chancelaria do Reich em Berchtesgaden, bem como citações polêmicas atribuídas a ele sobre o povo judeu e Hitler.

A carta, transcrita no já referido livro autobiográfico, termina com uma rejeição inequívoca a Hellinger e uma despedida, enfatizando a visão de que ele poderia ter contribuído positivamente para a psicoterapia, mas o novo rumo que foi tomando ao longo do tempo invalidou suas realizações anteriores.

Bert Hellinger
Fonte: O Tempo

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