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Constelação Familiar é Espiritismo?

Os postuladores da constelação familiar como uma “farsa” questionam se a constelação familiar é espiritismo principalmente pelos termos “campo morfogenético” e “campo quântico” serem hipóteses – e não evidências. Repudiam a técnica por ela se basear em aspectos invisíveis e relacionados aos antepassados. Destacam a contradição existente, uma vez que, se são invisíveis, é difícil provar; e se são antepassados, como verificar? Questiona-se sobre qual seria a comprovação científica de que, durante a prática, os representantes sentem o mesmo que os familiares ausentes.

É verdade que ainda não existe um instrumento científico para medir esses campos propostos pela constelação. No entanto, isso não invalida sua utilidade como terapia individual e ferramenta adicional na solução de conflitos. O fato de algo ser atualmente invisível ou difícil de medir não nega sua possível importância ou existência, como exemplificado pela história do Magnetismo.

Ao destacar o Magnetismo, que foi reconhecido como uma força importante muito antes de ser cientificamente comprovado, sugere-se que a falta de evidência imediata não significa ausência de validade. A compreensão científica está em constante evolução, e o desconhecido de hoje pode ser comprovado e compreendido amanhã.

Rupert Sheldrake: famílias mantêm suas memórias em um campo morfogenético

Nas constelações familiares, o conceito de campo representa uma consciência compartilhada pelos membros de um grupo familiar, englobando informações distintas como comportamentos, ideias e pensamentos. Essa “consciência coletiva” funciona como um repositório dinâmico de dados familiares, únicos àquela família.

O biólogo e cientista Rupert Sheldrake foi quem descobriu e cunhou o nome campo morfogenético, posteriormente utilizado por Hellinger para explicar os sentimentos, sensações e sintomas que ocorrem nos representantes nas constelações. O campo morfogenético, segundo Sheldrake, é um campo ou uma “mente ampliada” que transcende as barreiras individuais e onde estão armazenadas as informações.

Pela ressonância mórfica – fenômeno em que herdamos e transmitimos memórias de forma inconsciente, gerando comunicação no âmbito familiar – as memórias do passado existentes nas células influenciam os organismos no presente. Isso explica como os seres humanos podem compartilhar informações além dos meios de comunicação reconhecidos pela ciência convencional.

Segundo Sheldrake, quando algo se desenvolve de acordo com um padrão específico, esse padrão se torna parte de um campo – o campo morfogenético – que influenciará eventos futuros. Ele destaca, por exemplo, a memória coletiva como importante componente crucial desta ressonância mórfica.

Sensações dos representantes na constelação: acesso ao campo do cliente

Na prática terapêutica das constelações familiares, esse campo é explorado para acessar informações fundamentais sobre padrões familiares, traumas e questões não resolvidas. Os representantes em uma constelação, ao se sintonizarem com esse campo, podem vivenciar sensações e emoções relacionadas aos membros reais da família, revelando dinâmicas ocultas.

Hellinger enfatiza que o campo influencia as mentes individuais e, ao mesmo tempo, é ainda moldado por elas e sugere que padrões familiares, muitas vezes compulsivos, continuam a atuar no campo, perpetuando-se através de gerações. A repetição de comportamentos ou dinâmicas familiares problemáticas encontra, portanto, sua explicação neste processo.

Nas constelações familiares, o campo representa um reservatório de informações familiares compartilhadas e o entendimento da ressonância mórfica, e do campo morfogenético, desfazem o equívoco de se associar a constelação com práticas religiosas ou espiritualismo. Ambos explicam, ainda, como padrões familiares são transmitidos e repetidos através das gerações, bem como as sensações dos representantes por estarem em ressonância com este campo.

Não é sistêmica, embora se aproprie do termo para se intitular como terapia

Os críticos da constelação familiar argumentam que ela não é verdadeiramente sistêmica, apesar de se apropriar desse termo. Destacam a diferença entre alívio e terapia, sugerindo que a constelação fornece apenas um alívio temporário, não sendo uma abordagem terapêutica genuína.

A constelação opera dentro de uma abordagem filosófica sistêmica, que, embora possa se diferir dos métodos convencionais, não implica necessariamente falta de sistematicidade. Ao contrário das terapias tradicionais, que frequentemente se concentram na análise individual, a constelação adota uma perspectiva holística, considerando o indivíduo dentro de um sistema interconectado de relações familiares. Ela pode também não oferecer benefícios imediatos, mas isso não exclui seu potencial terapêutico a longo prazo, especialmente quando integrada em um plano de tratamento mais abrangente.

No âmbito dessa filosofia sistêmica, ela busca identificar padrões e dinâmicas que transcendem o indivíduo, estendendo-se por várias gerações. Sua análise fenomenológica explora as experiências vividas pelos indivíduos dentro do contexto sistêmico, evidenciando a singularidade de cada dinâmica familiar. A constelação destaca também a interdependência e a influência mútua entre os membros de uma família ao longo do tempo, o que reflete em uma compreensão mais ampla das complexas relações familiares.

A constelação familiar pode, ainda, não seguir os moldes tradicionais – e talvez esteja aí tanta resistência – mas isso não a desqualifica automaticamente como uma abordagem terapêutica eficaz. Uma análise mais aberta e uma compreensão mais profunda de suas bases filosóficas podem enriquecer o diálogo entre defensores e críticos. Assim, a resistência à constelação pode ser mitigada por meio de uma análise mais profunda e uma apreciação mais aberta de suas raízes sistêmicas e filosóficas.

Incesto e estupro: agressores se “tornando” vítimas sob o olhar da constelação

Aqui a crítica é sobre uma fala de Hellinger em que culparia a recusa sexual da esposa como fator motivador do incesto que havia ocorrido naquela família. Generalizando, as críticas dizem ainda que a constelação familiar parece favorecer os agressores e, em contrapartida, colocar uma carga sobre as verdadeiras vítimas, forçando-as a perdoar seus algozes. A crítica se estende à culpabilização da mãe em casos de abuso sexual aos filhos cometido pelo marido, muitas vezes insinuando que havia “consentimento” dela.

Nos casos específicos citados nos livros de Bert Hellinger, ele observa e analisa padrões que, segundo sua perspectiva, podem estar relacionados a determinadas condições. No entanto, isso não significa que essas observações se apliquem universalmente ou que a constelação favoreça automaticamente os agressores.

Cada constelação é única; cada caso é um caso, com as observações de dinâmicas que podem ocorrer em cada um. Dessa forma, são também subjetivas necessitando de abordagem cuidadosa e individualizada. A prática não deve ser interpretada como uma regra inflexível, mas como uma ferramenta que destaca dinâmicas familiares para análise.

Ao abordar casos como abuso e culpabilização, é preciso também reconhecer que as constelações familiares não impõem uma única “explicação”, e a interpretação de Hellinger não deve ser generalizada como verdade absoluta. Cada situação deve ser analisada com cautela, evitando distorções, julgamentos e generalizações.

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