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Constelação Familiar e Repetição de Padrão: Mito ou Verdade?

O universo da constelação é intrigante e terreno fértil para questionamentos, entre eles o tema “constelação familiar repetição de padrão” . Entre críticas que abordam uma pretensa “indústria” por trás das “pseudociências”,  a questão que se coloca é se ela seria uma fraude ou terapia legítima. Neste post, que faz parte da “série” Mito ou Verdade?  A Constelação Familiar É Mesmo Uma Farsa ou Pode te Ajudar?, te convido a explorar mais um tópico deste tema. O primeiro, introdutório e com os links para os demais você confere aqui.

Hereditariedade e Epigenética nas Dinâmicas Familiares?

Apesar de muitos críticos, em sua maioria da área de saúde mental, reconhecerem a hereditariedade como um fator genético que afeta questões como alcoolismo, esquizofrenia e depressão, as críticas à abordagem da constelação familiar em relação à repetição de padrões estão associadas, em sua maioria, ao número de gerações considerado. Bert Hellinger sustenta a crença de que esses padrões podem ser influentes até quatro gerações passadas. Para os críticos, ao invocar a ancestralidade e a repetição de padrões, Hellinger estaria simplificando a complexa relação de causa e efeito entre comportamentos e questões familiares ao longo das gerações.

Na constelação familiar, há uma associação tênue com a epigenética, que se refere ao estudo das mudanças hereditárias na expressão gênica que não envolvem alterações na sequência do DNA. A ideia é que traumas, padrões comportamentais e eventos significativos nas gerações passadas podem deixar uma impressão nas dinâmicas familiares, afetando a saúde mental e emocional das gerações subsequentes.

A constelação familiar não está ancorada em uma compreensão profunda da epigenética, conforme entendida pela biologia molecular, mas em uma interpretação mais ampla de como eventos passados podem reverberar nas relações familiares. Dessa forma, ao compreender a influência de eventos e traumas passados, transmitidos de geração a geração, ela permite lidar com eles de forma terapêutica.

Influência do número de gerações passadas: como cada caso é único, é preciso relativizar essa informação

O criador da constelação familiar, Bert Hellinger, afirma, tendo em vista o vasto número de constelações que conduziu, que essa influência pode remontar até quatro gerações passadas, o que, contudo, não é uma regra. Cada constelação é única e os fenômenos vivenciados em uma sessão jamais podem ser tomados como diretrizes para outra.

O que ele escreveu em seus livros foi, portanto, fruto de suas observações: até quatro gerações podem exercer impacto sobre o comportamento da geração atual, sendo que, quanto mais distante, mais sutil é essa influência. Por outro lado, o destino difícil de nossos pais e avós, por exemplo, exerce uma influência mais imediata sobre nós, filhos.

Em diversos trechos dos livros de Hellinger, são mencionados casos de esquizofrenia, bipolaridade e autismo como representações de destinos difíceis, como assassinatos, nas gerações passadas de uma família. A dinâmica geralmente envolve alguém na geração atual que se identificou, de alguma forma, com a vítima ou com o agressor passado, gerando um conflito interno no ente familiar atual, ao carregar esse “fardo”, e que pode se manifestar como as citadas doenças acima.

Evidentemente, nada disso pode ser provado. Contudo, o que se revela fascinante na constelação – e que talvez cause estranheza nos mais céticos – é o desenrolar da história do cliente, que observa, nos representantes escolhidos para a sessão, manifestações de gestos, cacoetes, modos de falar que remetem a pais, tios, avós, tudo isso personificado em um representante com quem ele jamais teve contato.

A compreensão da nossa história, sem julgamentos, traz ressignificações importantes

Contudo, ao contemplar e internalizar a dor de um ancestral excluído da família, vítima de assassinato ou mesmo aquele que enfrentou um destino difícil, essa percepção assume novas dimensões e significados para a pessoa. Quando o contexto histórico é compreendido sem julgamentos, aceitando simplesmente o que ocorreu, esse processo desencadeia um alívio interno capaz de promover ressignificações no cliente.

Naturalmente, um indivíduo autista permanecerá nessa condição; um portador de transtorno bipolar manterá essa característica após uma sessão de constelação. Contudo, o alívio que os familiares experimentam ao perceberem que um determinado sintoma ou situação pode ter origem em um acontecimento de gerações passadas (ou mesmo em um trauma da infância) proporciona entendimento, equilíbrio e serenidade àquela família: acrescenta significado e um olhar com filtros de amor e compaixão.

Certamente, esse processo alivia significativamente o sistema e promove a construção de relações mais saudáveis. No âmbito do Judiciário, quando vítimas e agressores se deparam e conseguem compreender esse fenômeno — que Bert Hellinger chama de amor cego, fidelidades ocultas ou identificações —, ocorre uma redução dos casos de agressões, alienações e outras questões jurídicas. Isso acontece porque ambos conseguem investigar a raiz do problema e identificar, em seus padrões disfuncionais, as origens dos comportamentos que desejam coibir.

Causa estranheza o olhar necessário para conceitos como amor, compaixão e ressignificação

Entretanto, conceitos como amor, ressignificação e compaixão não são frequentemente associados ao Direito, que tende a seguir rigidamente a aplicação da lei. Talvez por isso a constelação possa causar tamanha estranheza, especialmente para seus críticos, por trabalhar com tais conceitos buscando também a resolução pacífica de conflitos ao colocar as partes como agentes propulsores dessa solução. Contudo, nos casos onde isso não se torne possível, é imperativo voltar à lei.

Dessa maneira, embora a constelação não seja amplamente respaldada como uma prática científica estabelecida, ela oferece uma abordagem simbólica para abordar questões familiares não resolvidas, que se estendem à compreensão da infância ou de gerações passadas, o que, por consequência, pode impactar na manifestação de doenças e comportamentos podendo culminar, também, em violências e casos judiciais.

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