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Qualquer Pessoa Pode Ser Constelador?

Mito ou verdade: qualquer pessoa pode ser constelador? A constelação não é terapêutica e seu sucesso se deve à religiosidade do povo brasileiro?

A constelação é bastante criticada, principalmente pela pretensa vinculação de seu criador com ideiais nazistas e também sua “afeição” por Hitler. Entre outras críticas que abordam a ancestralidade e repetição de padrões como explicações para comportamentos, vícios e outros sintomas, a questão que se coloca é se ela seria uma farsa ou terapia legítima. O debate persiste, e neste post, que faz parte da “série” Mito ou Verdade?  A Constelação Familiar É Mesmo Uma Farsa ou Pode te Ajudar?, você tem outro tema bastante debatido: qualquer um pode ser constelador! O primeiro post, introdutório, e com os links para os demais você confere aqui.

Outro argumento para a “farsa” da constelação familiar é a falta de requisitos para se tornar um constelador, já que qualquer pessoa pode fazer um curso “rápido” e se autodenominar terapeuta constelador, mesmo sem formação em saúde mental. Além disso, pontuam o risco de se submeter pessoas em situações vexatórias durante as constelações, especialmente as que envolvem vítimas de crimes violentos. Também postulam que a constelação pode ser usada como “desculpa” para evitar lidar diretamente com problemas, transferindo-se responsabilidades para gerações passadas, sem assumi-las plenamente.

Qualquer pessoa pode ser constelador?

De fato, qualquer pessoa funcionalmente capaz pode realizar cursos de constelação e receber o título de terapeuta constelador, independentemente de possuir formação em saúde mental. Isso pode levantar preocupações sobre a qualidade e ética da prática, uma vez que não há um padrão rigoroso para a certificação.

Contudo, é aí que se diferenciam os profissionais. Como escolher um bom constelador? Como você escolheria um bom médico? Um bom arquiteto? Em toda contratação há um risco, mas advogar contra a constelação com esse argumento é não dar crédito à técnica. No judiciário, por exemplo, onde os consteladores são voluntários ou, no caso, funcionários dos próprios tribunais, há requisitos que devem ser preenchidos – como a duração do curso e total de horas práticas.

A preocupação com possíveis situações vexatórias durante as constelações, especialmente para vítimas de crimes violentos, é legítima. Isso porque o ambiente dessas sessões pode expor emocionalmente os participantes. Entretanto, é importante ressaltar que os facilitadores têm plena consciência dos limites éticos e psicológicos necessários para garantir a segurança e o respeito aos envolvidos.

Termo de confidencialidade e livre-arbítrio da parte: cuidados para a excelência da execução

Vale destacar por exemplo que, no Cejusc de Belo Horizonte, são implementadas medidas específicas para mitigar esses riscos. Um termo de confidencialidade é obrigatório, proporcionando proteção à privacidade dos envolvidos. Além disso, a parte constelada tem total autonomia para sinalizar, a qualquer momento, a necessidade de suspensão ou encerramento da sessão, independentemente do motivo. Essas precauções visam assegurar um ambiente terapêutico seguro e respeitoso.

Quanto à crítica de que a constelação pode ser usada como “desculpa” para evitar que a parte lide diretamente com problemas, transferindo responsabilidades para gerações passadas, reitero que a constelação, aplicada de forma ética, não busca evadir responsabilidades, mas, sim, compreender as dinâmicas familiares complexas – que, no entanto, podem ter suas raízes em gerações passadas. Ela também não substitui outras formas de intervenção terapêutica, que podem se fazer necessário. Dessa forma, constituem-se também um complemento para explorar questões sistêmicas mais profundas.

Não é terapêutica e possui adesão porque o Brasil é um país religioso

Essa crítica ressalta a alta adesão da constelação familiar no Brasil, atribuindo-a à forte questão do sincretismo religioso e à fé do brasileiro. Destaca uma possível busca por misturar fé, religiosidade e espiritualidade com saúde mental, especialmente em uma cultura que, muitas vezes, estigmatiza o cuidado psicológico, já que psicólogo, terapia e psiquiatria seriam coisas de “gente louca”. Também aponta para a prática de a constelação forçar vítimas de abuso a “enfrentar” seus agressores em técnicas psicológicas como o psicodrama, de Jacob Moreno.

A crítica que atribui a alta adesão da constelação familiar no Brasil ao sincretismo religioso e à fé da população não se alinha totalmente à realidade da prática. A constelação é fundamentada em uma abordagem filosófica, adotando uma postura fenomenológica, o que a distancia de qualquer viés religioso. O Estado laico, que preconiza a separação entre instituições religiosas e governamentais, é totalmente respeitado pela constelação familiar.

Além disso, a constelação familiar é tida como ferramenta de apoio e melhoria da qualidade de vida das pessoas, e não como substituta da terapia médica, psicológica e principalmente da aplicação do Direito. Seu propósito é oferecer uma abordagem sistêmica para compreensão das dinâmicas familiares conforme os princípios das leis do amor que regem qualquer relação humana.

Independentemente da constelação, a simples visão sistêmica já propicia um olhar mais amplo

Aplicada corretamente, a constelação se torna uma valiosa contribuição para o campo do direito sistêmico. Por meio de breves intervenções e falas pontuais, o constelador ou operador do direito pode obter resultados satisfatórios, promovendo uma visão mais ampla e consciente na resolução de conflitos. Isso não invalida, quando necessário, a aplicação das leis tradicionais, mas, pelo contrário, enriquece a atuação dos operadores do direito ao considerar aspectos sistêmicos e promover soluções pacíficas, reduzindo a excessiva rejudicialização.

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Qualquer pessoa pode ser um constelador; não é terapêutica e tem adesão porque o Brasil é um país religioso

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